2003
Foi o ano de todos os sustos. O que todos sabíamos e ninguém falava começou a vir ao de cima. Mexeu-se no lodo e começámos todos a dar às pernas, aflitos, nas água da terra-mãe. Falar dói mais do que calar. Mudar dói mais do que ficar quieto (ou assim parece).
Muitos de nós sentimos a necessidade de controlo que se apoderou dos portugueses: é preciso controlar o défice, as baixas fraudulentas, a fuga aos impostos, o desafio à lei. Ou simplesmente à forma menos ortodoxa de trabalhar, no caso dos empregadores mais stressados...
Foi o ano em que foi necessário partir. As coisas instaladas. A Função Pública, ou pelo menos os sectores mais instalados dela, não voltará/ão a ser o reduto de malandros improdutivos que era pelo menos há quase 30 anos. Nunca mais (ou pelo menos nos tempos mais próximos) se poderá dizer: "entrei para o quadro já não preciso de trabalhar". Ou pelo menos assim o julga o piedoso Bagão Félix (ou nós julgamos que ele julga, que no que toca a pessoas com as costas quentes, seja da Igreja Católica, seja de outro lóbi qualquer, nunca se sabe onde acaba a verdade e começa a conveniência).
Este foi o ano do boom e morte de muitos blogues. O Prazer_Inculto nasceu a 1 de Março, e ainda por cá anda (pelo menos por mais uns tempos). Como podem ver pelo canto superior esquerdo, recebeu até hoje, mais de 30.000 visitas. Não é muito, comparado com os blogues obscenos ou com os políticos. Mas esse nunca foi o objectivo. Quem vier por bem continuará a ser bem-vindo. E aos mais fiéis, envio o abraço de alguém que se tem sentido contente por poder partilhar por um meio muito diferente dos livros as suas ideias e delas ter recebido feedback e novos contributos.
Pessoalmente não tenho grandes expectativas para o ano que se avizinha. Talvez seja de hoje estar um dia de chuva e de ter lido os jornais. Gostaria de ver o país animar-se, usar a sua imaginação para sair do estado depressivo em que caiu (e foi empurrado, igualmente).
Gostava que 2004 fosse o ano em a RTP deixasse de ser pimba, o Bigbrother fosse esquecido e a Sic Radical voltasse a transmitir OS MARRETAS (de todos, este parece ser o pedido mais provável...).
No fundo, o que eu queria mesmo era que Portugal olhasse para si próprio e distinguisse o que vale a pena do que não passa de lixo. Mas isso não é um trabalho para um ano, imagino. Talvez para um século.
Bom Ano e espero que cada um de nós consiga chegar ao fim sentindo que se tornou uma melhor pessoa.
Até 2004
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